quarta-feira, 1 de abril de 2015

A Bíblia e a ciência


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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "Deus é um Delírio?"
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É costumaz dos neo-ateus a menção à crença na inerrância bíblica como uma suposta “prova” de que os cristãos impõem barreiras ao avanço científico, como crendo em um livro antigo ao invés de seguirem a ciência para onde ela vai. Isso é, para eles, uma evidência de que a religião cristã é atrasada e incompatível com a ciência. Esta visão, contudo, é apenas uma caricatura da crença cristã e também da própria Bíblia.

A Bíblia realmente não é um livro “científico”, mas isso não significa que a Bíblia contradiz a ciência. Significa apenas que não é o foco dela, da mesma forma que as obras de Heródoto ou Josefo não podem ser consideradas “científicas”, mas também não são necessariamente “anti-científicas”. Significa apenas que ciências não é o objetivo principal do livro. Com isso em mente, podemos ler a Bíblia de mente aberta sem nos preocuparmos com um rigor científico, mesmo que creiamos na inerrância e inspiração das Escrituras.

Mesmo sendo um livro tão antigo, escrito no período de aproximadamente 1600 anos e por pelo menos quarenta autores diferentes, é impressionante como a Bíblia se sobressai largamente em relação aos demais livros da época, mesmo quando faz afirmações científicas. Um dos fatores mais simples e menos mencionados por muitos nos dias de hoje (talvez em função da própria simplicidade), mas extremamente importante, é o fato da Bíblia atestar que Deus é um Ser transcendental e que o Universo teve um início.

Alguém poderia pensar que isto é algo básico que não prova nada. Afinal, qualquer um de nós crê nisso, independentemente da crença religiosa que possui. Mas isso ocorre porque estamos no século XXI, onde já temos o conhecimento científico necessário para saber que o Universo não é eterno, mas que teve um início. Até pouco tempo atrás, no início do século passado, o normal era crer que o Universo sempre existiu, e que, portanto, não foi criado por ninguém. O Universo seria eterno.

Esta visão não era apenas predominante entre os cientistas até o começo do século passado, mas também sempre foi a concepção geral que as religiões e os livros sagrados atribuíram. O Deus judaico-cristão possui um diferencial fundamental em relação a todos os outros “deuses” já cridos pelo homem, que é o fato de ter criado o Universo, mostrando que o Universo não é eterno. Isso foi mais tarde copiado pelo Islamismo, enquanto todas as outras religiões da época acreditavam que Deus fazia parte do Universo, ou que ele era a própria natureza.

As religiões panteístas, que já existem desde muito, ensinam que Deus é a natureza, e nisto podemos incluir o Budismo, o Hinduísmo, a Nova Era, o Jainismo, o Taoísmo e o Confucionismo (só para citar as mais importantes). O panteísmo sempre foi uma das visões mais predominantes de mundo. Mesmo as religiões que criam na existência de deuses que atendiam preces (como no politeísmo), a crença básica era que estes deuses habitavam na natureza, e não fora do Universo. Os gregos, por exemplo, criam que os deuses habitavam no monte Olimpo.

Onde queremos chegar com tudo isso?

Simplesmente que a questão não é tão trivial como apontou Richard Dawkins em seu debate com o matemático cristão John Lennox. Quando Lennox mencionou brevemente este argumento sem oferecer muitos detalhes, Dawkins em tom de zombaria disse que a Bíblia tinha “50% de chances de acertar neste ponto, a mesma chance de ganhar no cara-ou-coroa”[1].

É óbvio que a questão não é assim tão simples. Não é porque existem somente duas alternativas que a adoção de uma delas tinha 50% de chances. Qualquer coisa que contradissesse a crença popular e dominante da época teria possibilidade ínfima de ser aceita, não importa quantas outras opções houvessem do outro lado. Naquela época, nenhuma religião e nenhum cientista cria o Universo não fosse eterno, ou que Deus fosse um Ser transcendental fora da natureza.

Quem cresse nisso seria louco e estaria contradizendo todas as religiões, toda a filosofia e toda a ciência da época. Seria como alguém acertar que a Terra era um globo, quando ninguém pensava nisso. Se metade das pessoas da época cresse no Universo eterno e metade no Universo finito, a analogia com a moeda seria válida. Mas este tipo de analogia é totalmente impróprio quando todos tinham uma visão e a Bíblia confronta esta visão, sendo que milhares de anos depois os cientistas modernos confirmariam a visão bíblica.

Craig fala sobre isso nas seguintes palavras:

“Uma das principais doutrinas da fé judaico-cristã é que Deus criou o Universo do nada num tempo finito do passado. A Bíblia começa com as palavras: ‘No princípio, Deus criou os céus e a terra’ (Gn 1.1). A Bíblia, portanto, ensina que o Universo teve um começo. Esse ensinamento foi repudiado tanto pela filosofia grega como pelo ateísmo moderno, inclusive pelo materialismo dialético. Assim, em 1929, com a descoberta da expansão do Universo, essa doutrina foi radicalmente confirmada. Ao falarem sobre o começo do Universo, os físicos John Barrow e Frank Tipler explicam: ‘Nessa singularidade, espaço e tempo vieram à existência; literalmente, nada existia antes da singularidade, assim, se o Universo se originou em tal singularidade, poderíamos ter verdadeiramente uma criação ex nihilo (do nada)’. Contrariamente a toda expectativa, a ciência, portanto, confirmou essa predição religiosa”[2]

Sustentar esta afirmação milhares de anos antes de ela se provar verdadeira, e contra todas as crenças populares e eruditas da época, não era algo tão fácil como “ganhar no cara-ou-coroa”. Quantas afirmações Dawkins fez contra todos os religiosos, filósofos e cientistas da época, e que foram comprovadas verdadeiras mais tarde? Até o momento, não conhecemos nenhuma. Talvez ele não seja tão bom assim no cara-ou-coroa.

Mas não é somente neste ponto que a Bíblia se comprova verdadeira diante da ciência moderna. Em Lucas 17:30-34, por exemplo, temos a confirmação bíblica de que existia noite e dia no mesmo momento:

“Assim será no dia em que o Filho do homem se há de se manifestar... naquele dia, vos digo, naquela noite...” (Lucas 17:30-34)

A crença básica nos dias de Lucas era a da Terra plana, e neste prisma era impossível pensar que pudesse existir noite e dia ao mesmo tempo. Jesus disse algo que só seria comprovado cientificamente quinze séculos mais tarde. A Bíblia também se adiantou em relação à ciência em Jó 26:7, que diz “Deus suspende a Terra sobre o nada. Isso também era inadmissível naquela época, quando se pensava que a Terra era carregada pelo deus Atlas que a sustentava em seus ombros. Jó, ao contrário, já sabia que a Terra não estava suspensa sobre nada que fosse material, mas sobre um vazio, exatamente como os satélites mostram o nosso planeta.

A Bíblia também diz que o homem foi formado do pó da terra (Gn.2:7) e do barro (Jó 33:6), fato este que era motivo escárnio por parte dos ateus pelo menos até 1982, quando os cientistas descobriram que os ingredientes necessários para fazer um ser humano podem ser encontrados no barro. De acordo com a publicação do Reader's Digest, “o cenário descrito pela Bíblia quanto à criação da vida vem a ser não muito distante do alvo[3]. Esta foi a forma mais “cientificamente correta” de dizer que a Bíblia acertou exatamente o alvo!

PÓ DA TERRA
CORPO HUMANO
Sódio (Na+)
Sódio (Na+)
Potássio (K+)
Potássio (K+)
Cloreto (Cl-)
Cloreto (Cl-)
Cálcio (Ca2+)
Cálcio (Ca2+)
Magnésio (Mg2+)
Magnésio (Mg2+)
Bicarbonato (HCO3-)
Bicarbonato (HCO3-)
Fosfato (PO42-)
Fosfato (PO42-)
Sulfato (SO42-)
Sulfato (SO42-)
Ferro (Fe)
Ferro (Fe)
Quando morremos, nosso corpo volta ao pó novamente (Gn.3:19). Curiosamente, o planeta Terra é formado 70% por água, a mesma porcentagem presente no corpo humano.

Até mesmo a descrição bíblica sobre Deus criar a mulher a partir da costela de Adão (Gn.2:21) é perfeitamente científica[4]. Qual foi o processo que Deus usou? Foi de forma simples: primeiro fez cair um “sono profundo” sobre Adão. Depois, removeu uma de suas costelas. Em seguida, fechou o lugar com carne, e, por fim, transformou essa costela em uma mulher. Este é o mesmo processo aplicado pelos médicos hoje. Primeiro eles dão uma anestesia geral, semelhante ao “pesado sono” que caiu sobre Adão. Adão ia ser operado, e Deus estava preparando o seu paciente.

Mas por que a costela? Porque na costela existe medula óssea vermelha, que é onde nós encontramos célula-tronco. Se Deus vai “clonar” alguém, é dali que se tem que tirar. A costela é lugar perfeito, o mais próximo da superfície. Deus fechou o lugar com carne, que é o mesmo que os cirurgiões plásticos fazem. Adão não ficou fisicamente deformado após a “cirurgia”, mas continuou perfeito. Todo o processo aplicado pelos médicos com o avanço da ciência moderna é aplicado por Deus em Gênesis 2:21 – exceto a criação da vida, algo que ser humano nenhum é capaz de fazer, somente Deus.

Moisés não tinha nenhum acesso à ciência moderna e nem tinha conhecimento sobre a medicina contemporânea, mas sua descrição é um exato correspondente ao método usado pelos médicos hoje, em uma cirurgia. Ao invés de Moisés copiar algo dos mitos pagãos correntes em seus dias, completamente irracionais sobre a criação, o Gênesis está repleto de conhecimento científico indisponível em sua época e até oposto ao conhecimento daqueles tempos.

Outro exemplo está em Gênesis 1:2. Logo após mostrar a criação do Universo, o texto diz que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Que “águas” eram essas? A ciência descobriu que nas galáxias mais distantes, localizadas a 13,5 bilhões de anos-luz de distância da Terra, encontramos moléculas de água.

Gênesis 1:9-10 também diz: “Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e apareça a parte seca (...) à parte seca Deus chamou terra, e chamou mares ao conjunto das águas”. Logo no começo da Bíblia nós vemos que o planeta Terra, na sua origem, tinha uma única “parte seca”, isto é, um único continente (que os cientistas hoje chamam de Pangeia). A Bíblia é o único livro antigo a afirmar isso. Essa ideia bíblia foi repudiada e zombada pelos cientistas até o início do século passado, quando o meteorologista alemão Alfred Wegener sugeriu, baseado em evidências, que há muito tempo atrás todos os continentes eram um só.

Wegener foi primeiramente ridicularizado pela comunidade científica, como alguém que crê em uma “mitologia” bíblica. Foi somente em meados do século passado, em torno de 1940, que sua teoria foi oficialmente confirmada pela ciência – dez anos após a morte de Wegener, e 3400 após Moisés ter escrito isso na Bíblia. Em 2012 os cientistas comemoraram 100 anos da descoberta de Wegener – que os cristãos já sabiam há milhares de anos.

A Bíblia também indica que toda a humanidade descende de uma única mulher (Eva), o que foi confirmado pela ciência moderna em 1986, quando pesquisadores da Universidade da Califórnia concluíram que todos os humanos eram descendentes de uma única mulher, ao que denominaram de “Eva Mitocondrial”. Para chegar a esta conclusão eles se basearam na análise do DNA extraído das mitocôndrias, que é transmitido somente pela linhagem feminina. Ao se comparar o DNA mitocondrial de mulheres de vários grupos étnicos, eles constataram que todos são iguais, o que significa que todos possuem o mesmo antepassado[5]. A ciência descobriu isso em 1986, mas a Bíblia já dizia isso desde 1450 a.C.

O Salmo 8:8, por sua vez, fala das “veredas dos mares”, o que levou Matthew Maury, um oficial da Marinha dos EUA, a lançar-se ao empreendimento de encontrar estes supostos “caminhos nos mares”. O que ele descobriu? Que os oceanos têm caminhos que fluem através deles. Ele ficou famoso por ser o “descobridor das correntes marítimas”. Este conhecimento não existia na época em que os Salmos foram escritos, pois só foi adquirido no século XIX... dois mil anos depois do salmista registrar na Bíblia.

O escritor de Eclesiastes (provavelmente Salomão) descreveu perfeitamente o ciclo de condensação e evaporação da água ao dizer:

"Todos os rios vão para o mar e, contudo, o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr” (Eclesiastes 1:7)

O sol evapora a água do oceano, o vapor da água sobe e se converte em nuvens, e a água nas nuvens cai novamente para terra (chuva), formando os rios que correm mais uma vez para o oceano. Foi somente na época de Galileu (1630 d.C) que isto foi conhecido, mas Salomão já sabia desde ciclo 2500 anos antes da ciência. Salomão também já sabia que “o vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos” (Ec.1:6). Apenas recentemente os aerologistas e meteorologistas descobriram que o vento “viaja formando circuitos”.

Em Levítico 15:11, lemos que os que tinham fluxo tinham que lavar suas roupas e banhar sua carne em águas correntes para ser limpo. Foi somente no final do século XIX que Pasteur e Koch descobriram com a ajuda de um aparelho microscópio que o método correto de lavar as feridas da carne era por águas correntes. Antes disso os médicos lavavam as mãos em uma mesma bacia de água todos os dias, o que disseminava germes com uma enorme facilidade. A ciência da bacteriologia só foi inventada no século XIX, três mil anos após Levítico.

Neste mesmo livro lemos diversas vezes que “a vida da carne está no sangue” (Lv.17:11). No livro “A Veracidade da Bíblia”[6] (diversos autores) há um relato sobre como os médicos tratavam os pacientes até o início do século XX:

“Por milhares de anos, os médicos tratavam as pessoas com uma prática chamada de ‘sangria’. Pensavam que doenças poderiam ser curadas através da extração de sangue. Em 1799, George Washington foi, literalmente, sangrado até a morte. Os médicos sangraram o pobre George quatro vezes, da última vez tiraram mais de um litro de seu sangue! Eles não sabiam, mas estavam, literalmente, retirando a vida de George quando estavam extraindo o seu sangue. Não foi senão no início dos anos 1900 que um homem chamado Dr. Lister descobriu que o sangue provê o sistema imunológico aos corpos – a vida da carne está no sangue!

Aquilo que Moisés escreveu em 1490 a.C – a vida da carne está no sangue – foi descoberto somente em pleno século XX. É “o sangue que dá continuidade a todos os processos da vida, que causa o crescimento, que constrói novas células, que faz crescer ossos e carne, que armazena a gordura, que faz crescer nova carne, nova pele, novos nervos, que combate às doenças[7], que faz cabelo e unhas, que alimenta e sustenta todos os órgãos do corpo”[8].

Provérbios 6:6-8 diz para o preguiçoso ter com a formiga, que “na sega ajunta o seu mantimento” (v.8). Durante milhares de anos ninguém entendeu direito o que Salomão havia escrito neste verso, já que não se possuía nenhuma evidência de que as formigas faziam colheitas de grãos. Isso só foi comprovado em 1871 por um naturalista britânico, 2800 anos depois da escrita de Provérbios. Neste mesmo livro lemos que “o coração alegre é como o bom remédio” (Pv.17:22), fato este que foi comprovado recentemente em um artigo publicado pelo The Birmingham News, que mostra as evidências médicas de que “a algum ponto durante o riso, o corpo recebe um medicamento prescrito, vindo da farmácia que está no seu cérebro”.

A Bíblia também diz que há fossos no mar (Gn.7:11; Jó 38:16), fato este desconhecido até 1873, quando cientistas britânicos descobriram uma fossa de 35.800 pés de profundidade. Antes disso acreditava-se que toda a praia nada mais era senão uma extensão arenosa baixa, que vagava de um continente a outro. A ciência moderna descobriu que há milhares de fontes subaquáticas que acrescentam milhões de toneladas métricas de água nos oceanos a cada ano.

Jó também disse que o ar tem peso (Jó 28:25), fato este totalmente desconhecido até a época de Galileu Galilei, que descobriu que a atmosfera tem peso. Em outro lugar, um único verso em Jó possui pelo menos três constatações científicas que eram totalmente desconhecidas em sua época e que só foram provadas milênios mais tarde:

“Onde está o caminho em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?” (Jó 38:24)

Sobre a parte que diz que existe o caminho da luz e o lugar das trevas (Jó 38:19), o Dr. Henry Morris comenta:

“A luz não está colocada num certo lugar ou situação. Nem ela simplesmente aparece ou desaparece instantaneamente. A luz viaja! Ela habita num ‘caminho’, sempre a caminho de algum outro lugar. Quando a luz pára de viajar, há trevas. Assim, a escuridão é estática, fica parada num lugar; mas a luz é dinâmica, habita um caminho. A ênfase nessas energias de luz, o espectro eletromagnético e a relação entre a matéria e a energia são todos os fenômenos do cosmos físico”[9]

Além disso, o mesmo verso de Jó diz que a luz se “reparte”. A partição da luz só foi descoberta em pleno século XVII, quando foi demonstrado que a luz passa por um prisma e se divide em sete cores. Por fim, este verso mostra também que a luz cria vento, o que só foi descoberto em tempos recentes, quando a ciência moderna do clima provou que o vento é criado quando o sol esquenta a superfície da terra, que ocasiona a subida do ar quente e a queda do ar mais frio, criando sistemas de clima.

A Bíblia também já descrevia que os céus não podiam ser medidos e que as estrelas eram inumeráveis (Gn.22:17; Jr.31:37), ainda que naquela época, sem qualquer telescópio, os homens só pudessem observar algumas centenas de estrelas, quando tivessem sorte. Hoje sabemos que existem 300 bilhões de estrelas só na Via Láctea, e os cientistas supõem que haja 125 bilhões de galáxias no Universo. Ao todo, os cientistas estimam um número de aproximadamente 70 sextilhões de estrelas (70.000.000.000.000.000.000.000) no Universo.

A Bíblia também diz que as estrelas diferem em glória entre si (1Co.15:41), o que só foi descoberto cientificamente por J. Bayer em 1603, que inventou um método para indicar o brilho de uma estrela, de modo que hoje nenhum astrônomo contesta este fato. As estrelas, como se sabe hoje, diferem entre si em tamanho, cor, luz emitida, densidade e calor. Paulo já escrevia sobre isso 1600 anos antes da descoberta de Bayer.

Não podemos deixar este tópico sem mencionarmos aquela que é provavelmente a mais notável evidência científica na Bíblia, presente em Isaías 40:22, que diz explicitamente que a Terra é um globo. É verdade que a palavra utilizada no hebraico neste texto é chuwg, que significa um círculo ou uma roda, mas é a palavra no hebraico que mais se aproximava à forma da Terra, mantendo uma gigantesca distância em relação à crença popular da época, de que a Terra era plana.

Para se ter um parâmetro do que era comum de se pensar na época em que a Bíblia ia sendo escrita, comparemos com o que os “cientistas” da época ensinavam. O Vedas, livro sagrado da religião hindu, dizia que para conseguir chuva era só amarrar um sapo de boca aberta à uma árvore e repetir algumas palavras mágicas. Os egípcios criam que as estrelas nada mais eram senão almas de pessoas que já morreram, e que agora haviam se transformado em deuses. Outros pensavam que o deus Atlas sustentava a Terra em seus ombros, e ainda outros criam que o nosso planeta era sustentado por vários elefantes, que por sua vez estavam apoiados em tartarugas muitíssimo grandes, que por sua vez estavam apoiadas em cobras gigantescas...

Porém, mesmo Moisés tendo sido “instruído em toda a ciência dos egípcios” (At.7:22), ele não escreveu nada de tão absurdo no Pentateuco. Nada das mitologias e superstições do Egito foi parar na Torá. A Bíblia é até hoje o livro antigo mais amplamente corroborado por provas históricas, arqueológicas e até mesmo científicas que comprovam a autenticidade dos textos bíblicos. Existem sites (como o de Michelson Borges[10]) exclusivamente dedicados à arqueologia bíblica e que possuem literalmente milhares de evidências de virtualmente todo o Antigo e Novo Testamento, e há vários livros publicados abordando exclusivamente as numerosas descobertas arqueológicas que comprovam os relatos bíblicos.

Seria tedioso e cansativo passar metade delas aqui, o que elevaria este livro às milhares de páginas para tratar somente deste assunto e tratar estas evidências com a devida atenção. Ao analisarmos tudo isso, só podemos chegar à famosa conclusão que Robert Jastrow, diretor do Instituto Goddard para Estudos Espaciais, da NASA, emitiu:

“O cientista escalou as montanhas da ignorância; está para conquistar o cume mais alto; e ao galgar por sobre a última rocha é recebido por um bando de teólogos que estão sentados lá em cima há séculos”[11]

Até o ganhador do prêmio Nobel que descobriu a radiação de fundo que provou o Big Bang, Arno Penzias, admitiu:

“Os melhores dados que temos são exatamente os que eu teria previsto, não tivesse eu nada com que prosseguir senão os cinco livros de Moisés, os Salmos, e a Bíblia como um todo”[12]

Alguém ainda poderia questionar: “mas e as contradições bíblicas?”. Uma resposta simples é: que contradição? Ateus tem se demonstrado assíduos leitores da Escritura com a única intenção de achar “contradições” no livro sagrado, mas todas elas, sem exceção, já foram devidamente explicadas e refutadas por diversos apologistas cristãos nos últimos tempos.

Norman Geisler e Thomas Howe, por exemplo, tiveram a excelente ideia de escrever um “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia”, onde eles refutaram mais de 800 supostas “contradições”. Pipe Desertor foi além e refutou todas as quase 2000 contradições da “Bíblia do Cético”[13], e possui grupos em redes sociais onde desafia os ateus a mostrarem uma única contradição não-solucionável. Ninguém conseguiu.

O problema dos neo-ateus é pensar que porque eles não conseguem interpretar a Bíblia, então ninguém mais consegue. Quando eles chegam a um ponto de conflito, ao invés de eles assumirem a própria insignificância e humildemente admitirem que não conseguem interpretar o texto corretamente, eles preferem dizer que a Bíblia é que é contraditória, porque eles já lêem na intenção de achar “contradições”. Ou seja, o cérebro deles já está programado a descrer, tornando a pesquisa profundamente tendenciosa, e as “contradições” encontradas são muitas vezes forçadas por uma “interpretação” manipuladora. Então algum cristão mais capacitado que aquele ateu vai lá e consegue “descontradizer” a suposta contradição, quando ele nada mais fez senão uma interpretação correta, que o outro não foi capaz.

Não há intérprete infalível da Bíblia, e por essa razão é natural que existam passagens que muitos (inclusive eu) não consigam entender bem. Mas isso não significa que o texto em questão não é interpretável, e muito menos que há uma “contradição”. Ainda mais quando alguém lê a Bíblia justamente na intenção de achar uma contradição (e não de resolver um problema), fica realmente impossível não achar “contradições”. O próximo passo do ateu mau-intérprete é colocar na Bíblia toda a culpa de sua falta de luz e discernimento. “Eu não consigo interpretar isso!”, e então conclui: “Este texto não é interpretável. Olha a contradição aqui!”.

Outros ainda podem mencionar os supostos conflitos entre Cristianismo e ciência na Idade Média, como no famoso caso Galileu Galilei. Mas o motivo prinbcipal que levou a Igreja Católica a não admitir o discurso de Galileu foi porque ainda não havia evidências conclusivas de sua teoria, e não porque não estivesse disposta a mudar de opinião sobre o geocentrismo, como de fato veio a acontecer depois. Uma coisa é uma teoria estar certa, outra coisa é ela ser provada estar certa. Galileu estava certo, mas as evidências que levantava ainda não eram suficientes.

Ele ainda não tinha provas definitivas de um sistema solar heliocêntrico, e as descobertas obtidas por seu telescópio não indicavam uma terra em movimento. Sua prova, baseada nas marés, era inválida. Ele também tinha ignorado as órbitas elípticas corretas dos planetas publicadas 25 anos antes por Kepler. É lógico que a Igreja não iria contradizer a teoria unânime pregada há milênios (geocentrismo) para adotar uma tese radical e totalmente diferente, a não ser que tivesse provas muito grandes a este respeito.

Como Dawkins sempre declara, quanto maior for a afirmação, maior é a necessidade de provas para se crer nisso. E naquele momento as teorias de Galileu eram uma baita de uma afirmação, que demandava, é claro, de provas fortes o suficiente para aderir a esta cosmovisão totalmente diferente da que era ensinada desde sempre. É isso, e não a religiosidade, que explica o porquê da hesitação da Igreja em uma primeira instância, em aceitar o heliocentrismo ensinado por Galileu. Prova disso é que anos depois, quando esta teoria foi mais bem fundamentada com melhores argumentos, a Igreja Católica (assim como a Reformada) não teve problemas em aceitar o heliocentrismo. Não levantou mais objeções.

Isso mostra que há certa flexibilidade nas igrejas cristãs, quando se trata de ciência. Talvez o mesmo quadro se encaixe hoje com a questão do evolucionismo. Os neo-ateus têm reclamado dos religiosos por estes supostamente colocarem empecilhos ao avanço científico, em função de uma crença religiosa no Criacionismo (retomaremos o assunto sobre a teoria da evolução em capítulos posteriores), mas são muitos os cristãos que já creem na teoria da evolução, e se classificam como “evolucionistas teístas”. A lista de cientistas cristãos que também creem no darwinismo[14] é tão grande que podemos dizer seguramente que já supera os que o negam.

Até o papa João Paulo II, de forma pública, aceitou a teoria da evolução, fato este também registrado em The God Delusion e que causou a revolta de Dawkins, por julgar o papa “hipócrita” e dissimulado. Ele também deveria fazer isso com os outros milhões de cristãos que também não veem qualquer incompatibilidade entre evolucionismo e Cristianismo, incluindo Craig, McGrath, Collins e muitos outros. Se o Cristianismo não fosse flexível em relação à ciência, é lógico que não existiria nenhum cristão evolucionista na face da terra.

Então por que nem todos os religiosos cristãos adotam o evolucionismo? A razão também é simples: para eles, a evidência ainda não é conclusiva, da mesma forma que os argumentos que Galileu usava em favor do heliocentrismo. Independentemente se uma teoria é verdadeira ou falsa, ela precisa ser fundamentada em evidências sólidas que levem a uma conclusão razoável. E ainda há muitas lacunas no registro fóssil, perguntas que ainda esperam respostas e dados que, embora verdadeiros, são passíveis de serem interpretados de maneira diferente dos evolucionistas, chegando a conclusões distintas.

A evidência definitiva só virá no dia em que acharmos provas mais concretas que não deixem brechas abertas para outras interpretações (como, por exemplo, no dia em que o registro fóssil não for quase totalmente uma lacuna). Enquanto isto, a teoria da evolução ainda é teoria da evolução, ainda que seja maioria esmagadora entre os biólogos. E é claro que se um dia a teoria for provada verdadeira os religiosos cristãos a acatarão de braços abertos, assim como receberam o fato de que a Terra não é plana e de que o geocentrismo era falso – teorias estas que, como já vimos, jamais foram afirmadas biblicamente, embora fossem cridas popularmente até a época. 

Em resumo, a aceitação do evolucionismo por parte dos cristãos depende de provas definitivas sobre a teoria, nada a mais que isso. Os ateus vão precisar de menos provas, porque para eles não existe outra opção (se o criacionismo for verdadeiro, o ateísmo é falso), e é normal que os cristãos sejam mais céticos neste quesito, pois podem analisar mais honestamente ambos os lados e decidirem por si mesmos.

O problema reside principalmente no termo definitivo, que é subjetivo e pessoal, dependendo da análise de cada um. Existem teólogos cristãos que creem que já existem provas definitivas do evolucionismo, e por isso já se consideram evolucionistas teístas. Existem outros que creem que não houve ainda uma prova definitiva, mas que estão dispostos a aceitar a teoria caso estas provas que faltam não faltem mais (e no momento eu me incluo neste grupo). Há, é claro, também um grupo minonitário de religiosos cristãos que crêem que o evolucionismo sequer tem evidências e que não passa de uma fábula ou um enorme engodo, mas estes geralmente argumentam muito mais na base da ciência do que na religião (embora às vezes a religião possa influenciar também).

De uma forma ou de outra, de maneira geral a religião tem se demonstrado extremamente flexível às novas descobertas científicas, e acatado a todas aquelas que foram comprovadamente verdadeiras. Não há, portanto, razão para alegar uma incompatibilidade entre a ciência e a fé cristã, uma vez que os cristãos estão sempre dispostos a seguirem o caminho que a ciência levar[15].

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

(Trecho extraído do meu livro: "Deus é um Delírio?")


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[3] Seleções do Reader's Digest, Como a Vida na Terra Começou.
[4] A explicação abaixo é fornecida pelo Prof. Adauto Lourenço na Conferência Livres 2012, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=zPBGaiipZVI
[5] A pesquisadora responsável pela descoberta foi a doutora Rebecca L. Cann (junto à sua equipe), com o objetivo de traçar a origem da raça humana. A publicação se encontra em: “Mitochondrial DNA and Human Evolution”, Nature, Vol. 325, January 1987, p. 31-36.
[7] Quando uma vacina contra uma doença lhe é dada, aplica-se uma injeção na sua corrente sanguínea.
[8] Trecho extraído do livro: “A Veracidade da Bíblia” (diversos autores).
[9] Dr. Henry Morris, O Notável Registro de Jó.
[11] Robert Jastrow, God and the Astronomers (Nova Iorque: W. W. Norton, 1978), p. 116.
[12] Malcolm Browne, Clues to the Universes Origin Expected, New York Times, Mar. 12, 1978, p. 1.
[13] A maioria das refutações estava presente em um blog e em uma rede social (Orkut) que já não existe mais, mas o leitor pode encontrar um remanescente neste site: http://www.dc.golgota.org, ou consultar a comunidade “Descontradizendo Contradições”, no Facebook.
[14] “Darwinismo” será usado neste livro como sinônimo ao evolucionismo de Darwin.
[15] De que forma que a Bíblia pode ser compatível com o evolucionismo (sem ferir a inerrância bíblica) é algo que será tratado em particular no capítulo 5 deste livro, que trata sobre a teoria da evolução.

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