quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Jesus é um plágio de mitos pagãos?


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O trecho abaixo é extraído de meu livro: "As Provas da Existência de Deus", de autoria minha e de Emmanuel Dijon, disponível gratuitamente para download
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No artigo anterior provamos historicamente a existência de Jesus por diferentes autores não-cristãos que conviveram na época de Cristo ou pouco depois, e da existência dos cristãos ainda no primeiro e no segundo século, o que aniquila a tese de que Cristo tenha sido uma invenção elaborada por charlatões que buscavam engrandecer seus próprios nomes e tomar vantagem dos outros. Os ateus não têm qualquer coisa para refutarem decentemente as provas históricas da existência de Jesus, mas ainda possuem uma última carta na manga: Zeitgeist.

Zeitgeist trata-se de um filme sensacionalista baseado puramente em teorias da conspiração, envolvendo não apenas a pessoa de Jesus Cristo, mas também os atentados de 11 de Setembro e o Banco Central dos Estados Unidos. Em qualquer lugar onde as pessoas tivessem um mínimo de senso crítico, inteligência e raciocínio próprio, ninguém daria o menor crédito a este falso documentário que já foi desmentido milhares de vezes por especialistas e estudiosos da área, mas em um país onde a principal atração é o Big Brother Brasil e uma das principais manifestações culturaisé o funk, já se podia esperar que milhares de incautos fossem iludidos sem a menor dificuldade, engolindo qualquer informação mentirosa que lhes é passada.

Mais de 80% das fontes de Zeitgeist não são fontes primárias, mas são tiradas de outros livros (também igualmente sensacionalistas e conspiracionistas). Ou seja: só pelas fontes já seria suficiente para qualquer estudioso sério perder qualquer consideração e respeito por esse documentário. Se eu digo que Leonardo da Vinci foi um sumo sacerdote do satanismo, que tinha pacto com o diabo e que as suas pinturas não eram dele, mas roubadas ou plagiadas de algum Fulano de Tal, ou tenho que provar essas acusações sérias com alguns (ou muitos) documentos históricos daquela época que provem isso. Mas se 80% de todas as minhas provas são livrinhos escritos por amiguinhos meus que também são loucos por alguma teoria conspiratória, isso não me daria qualquer crédito.

Infelizmente, é isso o que Zeitgeist faz do início ao fim: um verdadeiro show de desinformação e desconhecimento histórico, deixando claro que foi feito por alguém que estava desesperado em reunir o maior número de provas contra o Cristianismo, mesmo que para isso tivesse que lançar mão de fontes nada confiáveis, ou de fatos que já se provaram o contrário. Porque o propósito, como já foi dito, nunca foi de provar nada, mas de apenas passar mais uma teoria de conspiração.

O Dr. Chris Forbes, professor da Universidade de Macquarie (Sydney), doutor em história do Novo Testamento e membro do Sínodo da diocese de Sydney refutou as mentiras ditas em Zeitgeist em uma entrevista de sete minutos, mostrando inúmeras farsas naquilo que foi exposto[1]. Em meu site Apologia Cristã também mostro um documentário de uma hora e meia de duração, com vários depoimentos de estudiosos que refutaram parte por parte dos embustes elaborados pelos conspiracionistas, que também estará na nota de rodapé deste livro.[2]

Basicamente, o que o filme pretende mostrar é que Jesus Cristo foi um mito inventado pelos cristãos, que eram tão burros que copiaram igualzinho os outros mitos daquela época, nem fizeram questão de disfarçar, e que eles deram as suas vidas em martírio por esse mito inventado por eles. Primeiramente vejamos o que foi alegado: 

Mitra (persa – romano) 1200 a.C
Nasceu dia 25 de Dezembro;
Nasceu de uma virgem;
Teve 12 discípulos;
Praticou milagres;
Morreu crucificado;
Ressuscitou no 3º dia;
Era chamado de A Verdade, A Luz;
Veio para lavar os pecados da humanidade;
Foi batizado;
Como deus, tinha um filho, chamado Zoroastro.

Attis (Frígia – Roma) 1200 a.C.
Nasceu dia 25 de dezembro;
Nasceu de uma virgem;
Foi crucificado, morreu e foi enterrado;
Ressuscitou no 3º dia;

Krishna (hindu – índia) 900 a.C
Nasceu dia 25 de Dezembro;
Nasceu de uma virgem;
Uma estrela avisou a sua chegada;
Fez milagres;
Após morrer, ressuscitou.

Dionísio (Grego) 500 a.C
Nasceu de uma virgem;
Foi peregrino (viajante);
Transformou água em vinho;
Chamado de Rei dos reis, Alpha e ômega;
Após a morte, ressuscitou;
Era chamado de Filho pródigo de Deus.

Mesmo se tudo isso fosse mesmo verdade (o que veremos mais adiante que não é), o que é que isso provaria? Dado o incontável número de deuses existentes no paganismo e as inumeráveis histórias e fatos que os envolvem, poderia não ser mais que coincidência que alguns deles se cruzassem em alguns aspectos. Afirmar que por conta disso Jesus seria um plágio desses mitos pagãos seria tão inteligente quanto alegar que John Kennedy foi um plágio de Abraham Lincoln e que por isso ele é um mito que não existiu realmente, dadas as seguintes coincidências:

Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso em 1846.
John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em 1946.
Abraham Lincoln foi eleito presidente em 1860.
John F. Kennedy foi eleito presidente em 1960.
Os nomes Lincoln e Kennedy têm sete letras.
Ambos estavam comprometidos na defesa dos direitos civis.
As esposas de ambos perderam filhos enquanto viviam na Casa Branca.
Ambos os presidentes estavam preocupados com os problemas dos negros norte-americanos.
Ambos os presidentes foram baleados numa sexta-feira.
Ambos os presidentes foram assassinados com um disparo na cabeça.
Ambos os presidentes foram assassinados na presença da esposa.
A secretária de Lincoln chamava-se Kennedy e lhe disse para não ir ao teatro.
A secretária de Kennedy chamava-se Lincoln e ela avisou a ele para não ir a Dallas.
Ambos os presidentes foram assassinados por sulistas.
Ambos os presidentes foram sucedidos por sulistas.
Ambos os sucessores chamavam-se Johnson.
Andrew Johnson, que sucedeu a Lincoln, nasceu em 1808.
Lyndon Johnson, que sucedeu a Kennedy, nasceu em 1908.
Ambos os assassinos eram conhecidos pelos seus três nomes.
Os nomes de ambos os assassinos têm quinze letras.
Booth saiu correndo de um teatro e foi apanhado num depósito.
Oswald saiu correndo de um depósito e foi apanhado num teatro.
Booth e Oswald foram assassinados antes de seu julgamento.
O assassinato de Kennedy foi filmado por um homem chamado Abraham.
O teatro de Ford era propriedade de um homem chamado John.
Lincoln foi morto no Teatro Ford.
Kennedy foi morto num carro Ford, modelo Lincoln…
Antes de ser morto, Lincoln esteve em Monroe, Maryland.
Antes de ser morto, Kennedy esteve com Marylin Monroe.

Se tamanhas semelhanças entre Lincoln e Kennedy não significa que um é um plágio do outro, por que algumas semelhanças entre Cristo em algum deus mitológico deveriam servir de prova para um suposto plágio do Cristianismo? Mas para não deixar as fraudes ateístas sem respostas, examinaremos ponto a ponto para vermos se essas informações procedem.



Em momento nenhum a Bíblia diz que Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, ou ao menos indica isso. Ao contrário, as evidências bíblicas apontam que Jesus nasceu em Agosto. Ele nasceu pouco antes da morte de Herodes, quando José foi a Belém com sua família para participar do recenseamento. Esse recenseamento historicamente ocorreu quatro anos antes da morte de Herodes, que ocorreu em 4 a.C. Consequentemente, isso nos leva ao ano 8 a.C. Mas os judeus dificultaram a tentativa dos romanos em contarem todo o povo, razão pela qual, historicamente, nas terras judaicas esse recenseamento ocorreu um ano depois das outras terras dominadas pelo império romano. Ou seja: ocorreu em 7 a.C.

Esse recenseamento em Belém ocorreu no oitavo mês, ou seja, em Agosto. Daí se conclui que Jesus nasceu em Agosto de 7 a.C. Outro fato que corrobora com essa data é de que, de acordo com os registros locais, Jesus foi apresentado no templo em um sábado do mês de Setembro daquele ano. Em 7 a.C houve quatro sábados: 4, 11, 18 e 25. Como os censos em Belém ocorreram entre 10 e 24 de Agosto, o sábado de apresentação foi o de 11 de Setembro, pois a purificação das mulheres teria que ocorrer até os vinte e um dias após o parto.

Portanto, Jesus nasceu poucos dias depois de 21 de Agosto de 7 a.C, e não em 25 de Dezembro. Se os escritores bíblicos plagiaram os mitos pagãos para formarem Jesus, teriam dito que ele nasceu em 25 de Dezembro, o que sabemos historicamente à luz da Bíblia que não aconteceu. Ao contrário: nenhum deles falou de 25 de Dezembro em parte nenhuma.

A fixação da data de 25 de Dezembro se deu apenas no quarto século d.C de forma comemorativa, pela Igreja Católica. O objetivo com isso era de âmbito político: devido ao ecumenismo praticado pela Igreja da época criou-se essa data comemorativa do nascimento de Jesus como sendo em 25 de Dezembro, para a fácil aceitação dos pagãos que tiveram que se converter ao Cristianismo após este se tornar a religião oficial do império romano. Visando a conversão e aceitação deles, fixou-se essa data. Mas nada na Bíblia, nem nos primeiros três séculos de Cristianismo, aponta para 25 de Dezembro como uma data do nascimento de Jesus, o que deita por terra as teses de que os autores bíblicos fizeram uso de mitos pagãos para criarem Jesus Cristo.



É alegado pelos conspiracionistas que em alguns mitos pagãos os deuses foram recebidos por três reis magos, que seguiam a estrela Sirius. Nada mais falso do que isso. Na verdade, o relato bíblico não fala de reis, não fala de três e não fala de Sirius! O que o texto bíblico simplesmente diz é isso:

Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do oriente chegaram a Jerusalém (Mateus 2:1)

Em momento nenhum a Bíblia afirma que eram reis, mas que eram magos. Se esses magos também eram reis ou não, é algo que a Escritura simplesmente silencia. A afirmação de que eram três também é falsa. Em lugar nenhum o relato diz que eram três, o que talvez alguns erroneamente deduziram do número de presentes: ouro, incenso e mirra. Mas podem ter sido muitos magos trazendo (cada um deles) esses três presentes, ou então um número menor trazendo mais presentes. O número de presentes não determina o número de magos!

A ideia de que eram três reis magos provém do século VII d.C, já muito tempo depois de Jesus, quando a Igreja Católica decidiu aceitar a sugestão de São Beda (673-735), que disse que os magos eram reis e que eram três. Mais uma vez, é preciso reafirmar: trata-se de uma tradição católica, e não cristã. Não está registrada na Bíblia, mas na tradição deles. Nenhum apóstolo, evangelista ou escritor bíblico se baseou nessa interpretação ao escrever a Bíblia.

A hipótese de que a estrela que os magos seguiram era Sirius é refutada em Mateus 2:7, que afirma que essa estrela era nova, ela tinha aparecido há pouco tempo. Não podia ser Sirius, que já ela era muito bem conhecida pelos astrólogos daquela época e até cultuada em muitos povos pagãos. Portanto, não há nada em Mateus 2:1 que faça qualquer alusão a qualquer mito pagão que seja.

Por fim, é interessante notarmos a figura dos pastores que foram visitar Jesus quando este ainda era recém-nascido (Lc.2:8-18). Nos mitos pagãos, os deuses sempre estavam associados apenas a riquezas, a glória, a honra. Jesus aparece sendo visitado por pessoas pobres no seu nascimento, diferente dos deuses que eram cercados apenas de outros deuses ricos e poderosos. A descrição bíblica do Deus encarnado nascendo em uma simples e humilde manjedoura, vivendo entre os pobres, não tendo sequer onde repousar a cabeça (Mt.8:20) e morrendo entre dois condenados desassocia completamente Jesus dos mitos pagãos, onde o que sempre ocorria era o inverso.



De todas as alegações dos conspiracionistas essa é certamente a mais ridícula. Em primeiro lugar, tudo o que se sabe sobre tais deuses pagãos é através de desenhos. Seus seguidores não escreveram nada. Como iriam então desenhar uma mulher virgem? A única diferença entre a virgem e a não-virgem é interna. Teriam seus seguidores desenhado as genitálias femininas com o hímen intacto? É claro que não. Então quem foi que deu a ideia de que tais deuses eram fruto de um nascimento virginal?

Em segundo lugar, é mentira que os desenhos não retrataram histórias que incluíam um relacionamento físico para gerar esses deuses. Hórus não foi concebido milagrosamente por uma virgem, mas por relação sexual da deusa Isis com o deus Osíris.

Em suma, não é apenas ridícula a afirmação de que tais deuses eram fruto de nascimento virginal: é uma afirmação mentirosa. Simplesmente não existem registros de algum mito pagão onde um deus tenha sido gerado milagrosamente pela operação do Espírito Santo, sem qualquer fecundação resultando do casal sagrado (entre um casal de deuses) ou do ato sexual entre um deus disfarçado de ser humano e uma mulher mortal.

Tome como exemplo uma das histórias de Dionísio. Segundo essa versão, Zeus foi a Perséfone disfarçado de serpente e a engravidou. Portanto, tirou sua virgindade. Em outra versão, ele se aproximou de Semele disfarçado de homem mortal e ela engravidou. Então, a rainha de Zeus, Hera, tomara de ciúmes, foi até a casa de Semele disfarçada de uma mulher idosa, sugerindo que a história que Zeus era o rei dos deuses poderia ser mentira e que ele era um simples mortal querendo se aproveitar da inocência dela.

Quando Zeus voltou a visitá-la, ela pediu, sob juramento, que ele aparecesse a ela como aparecia a Hera. Zeus, cumprindo o juramento, apareceu com toda a sua glória, o que reduziu Semele às cinzas. Hermes salvou o feto e o conduziu a Zeus, que o costurou à sua coxa e, depois de três meses, deu à luz a Dionísio. Diante de tudo isso, fica a pergunta: qual ser humano pensante nesse planeta terra iria achar que a história bíblica do nascimento virginal de Jesus tem algum paralelo ou plágio com a história do nascimento de Dionísio ou dos outros deuses pagãos? Só um oportunista ou um ignorante.

Nos outros mitos a coisa piora ainda mais. Em Hórus, por exemplo, de acordo com a The Encyclopedia of Mythica, depois de seu pai Osíris ser assassinado e ter seu corpo mutilado em quatorze pedaços por seu irmão Set, íris (esposa de Osíris) recuperou e remontou o corpo, e em conexão pegou o papel da deusa da morte e dos funerais. Então, ela se engravidou pelo corpo de Osíris e deu à luz a Hórus nos rios de Khemnis. Esse relato de concepção necrofílica nada tem a ver com o relato bíblico, chega a ser patético alguém ver isso e ainda comparar com o nascimento virginal de Jesus, que é totalmente diferente na narrativa bíblica.

Em conclusão, os historiadores e eruditos Raymond Brown e R. E. Brown comentam:

Em suma, não há nenhum exemplo claro de concepção virginal no mundo ou nas religiões pagãs que plausivelmente poderia ter dado aos judeus cristãos do primeiro século a ideia da concepção virginal de Jesus[3]

Paralelos não judaicos têm sido encontrados nas religiões mundiais (O nascimento de Buda, de Krishna e do filho de Zoroastro), na mitologia greco-romana, nos nascimentos dos faraós (com o deus Amon-Rá agindo através do seu pai) e nos nascimentos sensacionais dos imperadores e filósofos (Augusto, Platão etc...). Mas esses paralelos sempre envolvem um tipo de hieros gamos em que um macho divino, em forma humana ou outra, insemina uma mulher, seja através do ato sexual normal, seja por meio de uma forma substituta de penetração. Eles não são realmente semelhantes à concepção virginal não-sexual que está no âmago das narrativas da infância de Jesus, concepção esta em que nenhum elemento ou deidade macho insemina Maria... Portanto, nenhuma busca por paralelos nos tem dado explicação verdadeiramente satisfatória de como os primitivos cristãos chegaram à idéia de uma concepção virginal – a menos, é claro, que ela realmente tenha acontecido historicamente[4]

Esse é um clássico exemplo de como os conspiracionistas agem para enganar os mais desprevenidos. Usam uma informação falsa, em cima de uma história completamente diferente do relato bíblico, que pela mera descrição do suposto nascimento virginal dos deuses pagãos leva muitos a crerem que o que ocorreu ali foi algo próximo do relato bíblico de Maria dando à luz a Jesus por um ato milagroso do Espírito Santo, quando, na verdade, é absurdamente antagônico.



É alegado que alguns deuses de mistério, como Hórus, efetuavam grandes milagres e maravilhas quando tinham 12 anos, assim como Jesus. Essa informação é falsa. Não há um único registro de qualquer milagre que Jesus tenha feito enquanto criança ou jovem. Os evangelhos de Mateus, Marcos e João nada falam sobre a adolescência de Jesus, e Lucas, o único que conta alguma coisa, cita apenas a obediência do menino Jesus aos seus pais (Lc.2:51) e ele conversando com os mestres da lei no templo (Lc.2:46). Sem retoques, sem milagres, sem grandes exibições ou maravilhas.

Já com os mitos pagãos, a coisa era totalmente diferente. Já garotos eles faziam coisas sobrenaturais, mágicas, prodígios e todos os temiam. Totalmente diferente da infância de Jesus! Se os evangelistas tivessem plagiado alguma coisa dos mitos pagãos, teriam obviamente retratado a infância de Jesus com muita ênfase e repleto de detalhes sobrenaturais, o que nunca fizeram. Apenas um dos quatro evangelistas escreveu alguma coisa sobre a infância de Jesus, e mesmo ele não deu qualquer destaque a algum milagre ou façanha sobrenatural que ele possa ter feito.



Outra afirmação comum dos conspiracionistas é que a ressurreição de Jesus foi um plágio dos mitos pagãos.  Se isso é verdade, esperaríamos encontrar muitos relatos de deuses morrendo e ressuscitando fisicamente para o mundo dos vivos ao terceiro dia. Mas isso nunca ocorre com nenhum deles. Nunca. Examinaremos caso por caso:

Adonis. Não há sequer uma única evidência nem nos textos antigos nem nas representações pictográficas de que Adonis tenha ressuscitado, como afirmam alguns.

Áttis. Somente depois de 150 d.C houve a sugestão de que ele teria sido um deus ressurreto. Como os cristãos do século I teriam plagiado uma história mitológica que ainda não existia? Além disso, não há nada que se pareça com o uma ressurreição corpórea no mito de Áttis. Em uma das versões, ele teria voltado à vida de forma vegetativa, apenas os pêlos do seu corpo continuavam a crescer e ele movia apenas um dos dedos, de forma involuntária. Em outra versão, Áttis volta à vida na forma de uma árvore. Nenhuma dessas versões tem qualquer ligação com a ressurreição física, corporal e gloriosa de Jesus Cristo.

Osíris. A versão do mito de sua morte e ressurreição é encontrada em Plutarco, que escreveu no segundo século d.C. Novamente, mais de um século depois da época de Jesus e dos primeiros cristãos. E mesmo essa versão difere radicalmente da ressurreição de Jesus. Osíris teria sido assassinado por seu irmão que o afundou em um caixão no Nilo. Ísis descobriu o corpo e o conduziu novamente ao Egito, mas seu cunhado ganha o acesso ao corpo e o mutila em quatorze pedaços, atirando-os para longe. Ísis procura e encontra cada um desses quatorze pedaços, restaura o corpo de Osíris e este passa a ser um deus no mundo dos mortos.

Essa visão é completamente oposta à noção cristã da ressurreição de Jesus. Em primeiro lugar, porque Jesus não teve nenhum de seus ossos quebrado (Jo.19:36), enquanto Osíris foi mutilado em quatorze pedaços. Segundo, porque a ressurreição de Jesus foi para esta vida (mundo dos vivos), enquanto que a ressurreição de Osíris, se é que podemos chamar de ressurreição, foi para habitar no mundo dos mortos. Em outras palavras, ele não ressuscitou tecnicamente: ele apenas morreu e foi para o mundo dos mortos, jamais voltando à terra dos viventes, como ocorreu com Jesus. Como disse Roland de Vaux:

O que significa Osíris ter levantado para a vida? Simplesmente que, graças à ministração de Ísis, ele pôde levar uma vida além da tumba que é quase uma perfeita réplica da existência terrestre. Mas ele nunca mais voltará a habitar entre os viventes e reinará apenas sobre os mortos... Esse deus revivido é, na realidade, um deus múmia’”[5]

Krishna. Ele foi morto por um caçador que, sem intenção, atirou em seu calcanhar, e, em seguia, ascendeu aos céus. Não houve qualquer ressurreição aqui, e ninguém o viu ascender. Krishna jamais voltou à vida terrena. Além disso, como nos conta Benjamim Walker, não pode haver qualquer dúvida de que os hindus pegaram emprestado os contos [do Cristianismo], mas não o nome[6]. Isso porque o Bhagavata Purana é datado entre o sexto e o décimo primeiro século d.C, e o Harivamsa foi composto entre o quarto e o sexto século.

Portanto, não há nenhum paralelo entre a ressurreição de Jesus e a ressurreição dos deuses mitológicos de mistério. Nos mitos pagãos, os deuses simplesmente desaparecem ou morrem. Os que desaparecem retornam porque não haviam morrido, e os que morrem não retornam. A ressurreição de Jesus é o único caso na história antiga de um Deus encarnado morrendo em forma humana e retornado à vida terrena. Como diz Mettinger:

Desde a década de 1930... um consenso tem se desenvolvido de que os deuses que morrem e ressuscitam morreram, mas não retornaram ou se levantaram para viver novamente... Aqueles que pensam diferente são vistos como membros residuais de espécies quase extintas[7]

Na concepção judaica, nenhum dos mitos pagãos ressuscitou realmente dos mortos, e não é senão a partir do terceiro século d.C que encontramos material mais sólido sobre as religiões de mistério que permitem uma reconstrução de seu conteúdo. Como mostrou Pierre Lambrechts, os textos que se referem à ressurreição dos deuses são muito tardios, do segundo ao quarto século d.C, e mesmo nestes casos não há um único que seja pelo menos parecido com a ressurreição de Jesus.



Os ateus afirmam que os nomes bíblicos para Jesus, como Luz do Mundo, Alfa e Ômega, e Cordeiro de Deus (dentre outros) foram copiados dos mitos pagãos. Será mesmo? Examinaremos isso agora.

Luz do mundo. Os deuses pagãos eram chamados de luz do mundo por sua associação com o sol, que é a luz do mundo. O sol era adorado em muitos povos pagãos. O Novo Testamento, porém, em momento nenhum ensina a adoração ao sol, e mesmo quando chama Jesus de luz o faz em um contexto totalmente diferente dos mitos pagãos, pois fala de uma luz espiritual e não literal (Lc.8:12). A luz dos deuses pagãos era uma luz literal que é emitida pelo sol para salvar a vida na terra, já a luz de Cristo diz respeito à salvação do pecado e da morte espiritual. Portanto, uma coisa nada tem a ver com a outra.

Além disso, vale destacar que Jesus disse que nós também somos a luz do mundo (Mt.5:14), algo que um deus pagão jamais faria, pois esse título seria exclusividade dos deuses em função do poder exercido por eles sobre os humanos. Sendo assim, a luz no contexto cristão nada tem a ver com a luz do contexto pagão, e o título que no paganismo é atribuído somente aos deuses é no Novo Testamento dado a todos os cristãos (o que era absurdo e inadmissível no paganismo), o que mostra diferenças marcantes entre um e outro.

Salvador. Se os deuses pagãos alguma vez foram considerados salvadores, o foram em função do sol, que salva a vida existente na terra. Mas será que isso foi um plágio dos escritores bíblicos? Se fosse um plágio, Jesus seria considerado salvador no mesmo sentido que os deuses pagãos eram considerados salvadores. Mas nunca vemos esses deuses salvando alguém do pecado, ao contrário: o conceito de pecado é judaico-cristão, nem existia no paganismo. A salvação, ao invés de ser de uma morte física, trata-se da morte espiritual, isto é, do pecado. Um conceito totalmente antagônico em relação aos deuses de mistério.

Attis, por exemplo, em momento nenhum agiu como um redentor, nem sua religião oferecia a salvação em Attis. Krishna era um salvador guerreiro e terreno que lutou para libertar seu povo do tirânico reinado de Kamsa. Nada tem a ver com a salvação de Jesus Cristo, que não era de ordem temporal. Ao contrário: ele disse seu Reino não era deste mundo (Jo.18:36).

Filho de Deus. Qualquer deus que fosse filho de um outro deus era considerado filho de Deus, portanto obviamente muitos deuses pagãos tinham esse título. A pergunta que fica é: se Jesus é o Filho de Deus, teria sido esse título tirado dos mitos pagãos? Se isso fosse verdade, a Bíblia jamais diria que nós também somos filhos de Deus, como afirma claramente (Jo.1:12). Isso nunca aconteceu em nenhum mito do paganismo, pois filho de Deus era um título exclusivo dos deuses, nunca dos seres humanos mortais. Se o Novo Testamento nos chama de filhos de Deus, é óbvio que ele não foi influenciado pelos mitos pagãos que diziam o contrário.

Alfa a Ômega. Não há qualquer registro de um deus pagão com esse título. Alguns afirmam que Dionísio tinha esse título, mas não há qualquer registro histórico ou arqueológico que confirme tal tese. Jesus é o Alfa e o ômega porque ele não tem Princípio e nem Fim, ou seja: porque ele é eterno. Já os deuses pagãos eram criados, eram filhos naturais por relações de outros deuses, portanto não podiam ser Alfa e Ômega.

Cordeiro de Deus. Outro título que jamais foi aplicado a qualquer deus mitológico. A expressão cordeiro de Deus não provém do paganismo, mas do judaísmo, que costumava sacrificar cordeiros como sacrifício pelo pecado. Jesus, portanto, é tratado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29), como sendo o sacrifício completo, final e definitivo. Esse termo não pode ter sido tomado do paganismo pela simples razão de que os pagãos não sacrificavam cordeiros. No mitraísmo, por exemplo, eram sacrificados touros. Se os apóstolos tivessem plagiado as ideias pagãs, teria dito que Jesus era o Touro de Deus (mitraísmo), e não o Cordeiro de Deus (judaísmo).

A Verdade. Não existe nada, nenhum texto ou desenho que afirme que tais deuses se diziam ser A Verdade. Pelo contrário: era comum os deuses errarem e muito. Eram egoístas, orgulhosos, caíam em tentações dos mais diversos tipos, tinham personalidade instável, por vezes matavam outros deuses e faziam o mal ao próximo. Nenhum deles era considerado a verdade personificada, e nem poderia ser, pois o próprio caráter deles desmentiria isso. Nem mesmo Theos, o maior dos deuses, era chamado de tal, muito menos os outros deuses de escala inferior. Jesus foi o único que disse que era o caminho, a verdade e a vida (Jo.14:6) para quem lhe seguisse.

Rei dos reis. Rei dos reis é uma descrição comum em divindade e facilmente aplicável a qualquer Deus, ou ser poderoso, a diferença é que Jesus reina sobre todos os reis do mundo, ao passo que os deuses mitológicos reinavam apenas regionalmente. Zeus no Céu, Hades no mundo dos mortos, e assim por diante. Nunca vemos algum que era considerado o Deus supremo sobre tudo e sobre todos.



É alegado que Attos foi crucificado em uma árvore numa Sexta-Feira negra. Isso é totalmente falso. Attis morreu embaixo de uma árvore, mas não crucificado nela. E nada indica que isso tenha acontecido em uma Sexta-Feira. Como resultado disso, Attis sangrou e daí surgiu o brotamento de flores. Como disse J. P. Holding, se você quiser chamar isso de redenção da terra, talvez algum fazendeiro esteja fazendo a mesma coisa plantando batatas.

Hórus também não morreu por crucificação. Há vários relatos da morte de Hórus, mas nenhum deles envolvendo crucificação. Osíris também não morreu crucificado, mas morreu após ser enganado por Set. Ele foi preso em um baú e lançado ao Nilo. Krishna também não morreu por crucificação. Ele morreu depois de acidentalmente ser atingido por uma flecha de caçador.

Tammuz, que é outro que alegam que morreu crucificado, na verdade foi morto por demônios enviados por Ishtar. Dionísio foi comido vivo pelos Titãs em sua infância, não morreu crucificado. Mitra não experimentou a morte, mas foi carregado para o Céu em uma carruagem de fogo. Em suma, todas as alegações dos conspiracionistas sobre a morte por crucificação são falsas. Qualquer um que estude ou pesquise um mínimo sobre esses deuses consegue desmascarar tais mentiras, que podem no máximo enganar um ignorante, mas não tem qualquer efeito em um debate inteligente.



Como já vimos até aqui, é comum os conspiracionistas enganarem os incautos alegando uma suposta ligação entre um deus pagão e Jesus Cristo com características posteriores a Cristo. Isso porque embora a maioria desses deuses tenham sido criados há aproximadamente um milênio antes de Cristo, suas histórias não nasceram prontas, em definitivo, da noite para o dia. Suas crenças foram se desenvolvendo com o passar dos séculos, e muitas vezes em sincretismo com outras religiões. Por isso podemos dividir em duas partes as acusações dos ateus:

Mentiras. Afirmações simplesmente mentirosas que não provém de qualquer fonte primária e que não condizem com a realidade, como já desmascaramos várias até aqui.

Verdades depois de Cristo. Trata-se de acontecimentos verdadeiros, mas que só vieram a fazer parte da tradição desses deuses séculos depois de Cristo.

Nesse segundo grupo podemos incluir, por exemplo, as alegações de que Hórus tenha sido batizado com 30 anos e iniciado o seu ministério. Embora parte dessa alegação seja claramente falsa (pois Hórus nunca teve um ministério como Jesus, que é o ato de se dispor a ser servo e ensinar os outros, e Hórus sempre foi rei, nunca servo), outra parte é verdadeira, mas somente veio a fazer parte das tradições deste deus séculos depois da época de Cristo. Não existia batismo nos tempos de Hórus. Essa tradição existiu séculos depois de Cristo. Portanto, não é um caso dos cristãos plagiando algo do paganismo, mas o paganismo plagiando algo dos cristãos.

Na versão original de Hórus, não há qualquer batismo deste. Na verdade, o único relato deste deus que envolve água é em uma história onde ele é despedaçado e Ísis pede ao deus crocodilo que o pesque da água onde havia sido colocado.

O mesmo ocorre com Mitra. As informações de que esse deus tenha nascido de uma virgem, perdoado pecados, morrido crucificado e ressuscitado dias depois só são encontradas três séculos depois de Cristo, não há uma única linha ou indício anterior a Cristo de alguém ensinando que Mitra era tudo isso. Por que a arqueologia nunca encontrou detalhes de deuses pagãos semelhantes a Cristo antes de Cristo? Porque, obviamente, foram os pagãos que copiaram os cristãos (e eles tinham esse costume, basta ver a semelhança entre os deuses deles mesmos), e não o contrário.

Ou tome como exemplo também o caso de Dionísio, que dizem ter transformado água em vinho. Na verdade, o que realmente aconteceu foi que existia um escoadouro em um templo de Dionísio, que jorrava vinho ao invés de água, mas isso é totalmente diferente de transformar água em vinho. Além disso, essa história é posterior à época da escrita do Novo Testamento.



Muitos afirmam que o Cristianismo é um plágio do mitraísmo. Já vimos que as semelhanças entre um e o outro à luz da época em que elas começaram a aparecer nos mostra claramente que foi o mitraísmo que copiou detalhes do Cristianismo, e não o contrário. Alguns tentam associar a trindade cristã com a trindade do mitraísmo, que seria formada por Mitra, Ormuzd e Ahriman. Porém, a exemplo de todas as outras religiões pagãs, elas eram politeístas e panteóstas, mas os trinitários são monoteístas.

Há uma enorme diferença entre trindade e triteísmo. Os triteístas creem em três deuses separados, como seria no mitraísmo, mas os cristãos são monoteístas: creem em um único Deus manifesto em três pessoas distintas. Assim sendo, o fato de juntar três deuses (ou mais, ou menos) em nada implica em algum plágio, a menos que houvesse alguma religião pagã na história que cresse em um único Deus (monoteísta) revelado em três pessoas, o que não existe em absolutamente nenhuma religião pagã!

Portanto, ao invés de a trindade ser uma prova de um sincretismo cristão com o paganismo, ela é uma prova do contrário: da singularidade do Cristianismo, que não vê nada igual nos contos pagãos. E, mesmo se fosse plágio, o plágio seria do mitraísmo, e não do Cristianismo, visto que, como vimos, as crenças do mitraísmo não nasceram da noite para o dia, elas foram fruto de desenvolvimento histórico com o sincretismo com outras religiões, inclusive com a cristã, crença de onde eles posteriormente adaptaram para si algumas de suas crenças.

A trindade de Mitra, portanto, é um plágio mal feito do mitraísmo em cima do Cristianismo, pois nenhum cristão crê em três deuses, mas em um só. Isso era difícil para um pagão da época assimilar, razão pela qual o plágio foi com três deuses separados, como um politeísmo. Se formos para as primeiras crenças básicas do mitraísmo (quando o Cristianismo ainda não existia) não vemos uma única semelhança entre as duas crenças. Ronald Nash fala o seguinte sobre o nascimento de Mitra:

O que sabemos com certeza é que o mitraísmo, tal como seus competidores entre as religiões de mistérios, tinha um mito básico. Mitra supostamente nasceu quando emergiu de uma rocha; estava carregando uma faca e uma tocha e usando um chapéu frígio. Lutou primeiro contra o Sol e depois contra um touro primevo, considerado o primeiro ato da criação. Mitra matou o touro, que então se tornou a base da vida para a raça humana[8]

Jesus emergiu de uma rocha? Não. Jesus carregava uma faca e uma tocha? Não. Jesus usava um chapéu frígio? Não. Jesus lutou contra o sol e contra um touro? Não. Jesus matou um touro? Não. A base da vida para a raça humana, na visão cristã, é o touro? Não. Então que tipo de plágio é esse onde as crenças básicas do Cristianismo são totalmente diferentes do mitraísmo?

Ademais, a crença básica e fundamental para o Cristianismo é a ressurreição dos mortos. Para os cristãos, a ressurreição é o único modo pelo qual o cristão obtém uma vida póstuma, por meio da qual ele pode entrar na vida eterna, o que fica claro em textos como 1ª Coríntios 15:18-19[9]. Portanto, é da maior e mais fundamental importância, razão pela qual era considerada a esperança dos cristãos (Rm.8:23,24; At.26:6-8; At.24:15; At.23:6). Mas os adoradores de Mitra não creem em ressurreição física.

Nash observa:

Alegações da dependência cristã primitiva do mitraísmo foram rejeitadas por várias razões. O mitraísmo não tem conceito da morte e ressurreição de seu deus nem lugar para qualquer conceito de renascimento – pelo menos durante seus primeiros estágios (...) Durante os primeiros estágios da seita, a ideia de renascimento seria estranha à sua visão básica (...) Além disso, o mitraísmo era basicamente uma seita militar. Portanto é preciso ser cético com relação à sugestões de que tenha atraído civis como primeiros cristãos[10]

Além disso, os que afirmam que Mitra nasceu de uma virgem fazem isso por ignorância ou desonestidade, pois ele teria nascido de uma rocha. Então, a não ser que a rocha possa ser considerada virgem, ele não nasceu de uma virgem! A crença de que em seu nascimento havia a presença de pastores é do quarto século d.C, e é falsa a afirmação de que Mitra tinha 12 discípulos. Essa afirmação é baseada em um quadro onde Mitra aparece matando um touro, emoldurado em duas colunas verticais, cada uma com seis quadros, que em momento nenhum alude a discípulos dele, mas os signos do zodíaco.

Mitra também não teve nenhuma ressurreição corporal. Primeiro, porque o mitraísmo não crê em ressurreição, como creem os cristãos. Segundo, porque Mitra jamais morreu para que pudesse ressuscitar. Como disse um especialista que estudou sobre Mitra a fundo: não há morte de Mitras - e, consequentemente, nenhuma ressurreição posterior. E, em terceiro, porque depois que Mitra concluiu sua missão terra foi logo conduzida ao Paraíso em uma carruagem, vivo e muito bem. Jesus morreu e ressuscitou. Mitra não morreu, muito menos ressuscitou.

Por fim, a última acusação dos conspiracionistas em torno do mitraísmo é a da Santa Ceia, em que Mitra teria dito que aquele que não comer do meu corpo ou beber do meu sangue, de forma a se tornar um comigo, não será salvo. Essa se trata provavelmente da maior de todas as mentiras e adulterações, pois não foi dito por Mitra, mas por Zaratrusta, em plena Idade Média, sendo adicionada séculos depois de Cristo, e nem mesmo era uma referência a Mitra!

A coisa mais próxima a uma Ceia celebrada por mitra foi um jantar onde seus seguidores comeram pão, carne, água e vinho. Essa refeição em nada tinha a ver com a Ceia cristã, que é formada apenas de pão e vinho. A refeição de Mitra não era a Ceia cristã, mas uma refeição muito praticada em todas as partes do império romano, com toda a naturalidade do mundo.



Os adeptos da teoria da conspiração em torno de Jesus Cristo têm argumentos fracos, frágeis, superficiais, e muitas vezes mentirosos, irreais, fraudulentos. Não resistem em nenhum debate de ideias com qualquer estudioso sério do assunto, tem poder apenas para enganar indoutos desinformados. Como conta o famoso filósofo cristão, Dr. William Lane Craig:

Se eles chegarem a citar um trecho de uma fonte, eu acho que você ficará surpreso com o que verá. Por exemplo, no meu debate sobre a ressurreição com Robert Prince, ele dizia que as curas que Jesus fez vieram dos relatos mitológicos de curas, como as de Esculápio. Eu insisti que ele lesse a todos uma passagem das fontes originais mostrando a suposta similaridade. Quando ele leu, o que alegava não tinha nada a ver com as histórias dos Evangelhos sobre as curas de Jesus! Essa foi a melhor prova que a origem das histórias não estava relacionada

Uma análise superficial por pessoas incapazes ou preguiçosas de descobrirem a verdade dos fatos pode levar muita gente a acreditar fielmente em cada uma das mentiras e falsidades que foram expostas em Zeitgeist e que é repetido à exaustão pelos ateus, mas uma pesquisa mais profunda e um estudo mais sério são mais que o suficiente para deitar por terra todas as inverdades propagadas pelos conspiracionistas.

Não há qualquer ligação profunda, ou sequer superficial, entre os mitos pagãos e a pessoa de Jesus Cristo à luz dos evangelhos. É completamente irracional e impensável acreditar que os escritores bíblicos plagiaram Jesus daqueles deuses mitológicos que acabamos de conferir. Se eles tivessem plagiado a ideia, teriam retratado um Jesus poderoso na terra, que era rico, ambicioso, imponente, altivo e impetuoso, igualzinho os deuses pagãos.

Não teriam relatado um Cristo que se fez pobre por amor a nós (2Co.8:9), que não tinha onde reclinar a cabeça (Lc.9:58), que tinha a humilde profissão de carpinteiro (Mc.6:3), que morreu crucificado ao lado de dois condenados (Lc.23:33), que foi açoitado pelos romanos, zombado pelos judeus, desprezado pelo mundo, que morreu como uma ovelha no matadouro.

Nada disso se vê nos poderosos deuses mitológicos, que ainda apresentavam traços de caráter por vezes desvairados, que exaltavam a si mesmos, que lutavam pelo bem de si próprios, nem que para isso fosse necessário matar outro deus ou armar as mais insanas estratégias de denegrir o próximo. Jamais se ofereceriam para lavar os pés de seus discípulos (Jo.13:12), nunca diriam que não vieram para serem servidos, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos (Mt.10:45).

Os deuses mitológicos morriam por compulsão, não por escolha. Tomados pelo orgulho ou pelo desespero, tiravam a vida uns dos outros, se vingavam uns dos outros, enganavam e eram enganados. Jesus, porém, morreu voluntariamente, em um amor sacrificial. Sua morte não foi uma derrota, mas uma vitória. Nunca nenhum deus de mistério morreu vicariamente por outra pessoa, ou para tirar o pecado do mundo (Jo.1:29). Jamais algum deus mitológico chegou ao ponto de esvaziar a si mesmo, tomar a forma de servo, se fazer semelhante aos homens, humilhar a si mesmo e ser obediente até a morte, e morte de cruz (Fp.2:7,8).

Não, Jesus Cristo não é um mito, nem um plágio, nem uma invenção de mentes velhacas. Jesus Cristo é um personagem único e singular na história das religiões. Sem igual, sem precedentes, sem similares. É tão real e verdadeiro que milhares de cristãos deram a vida em martírio nessa certeza, como testemunhas oculares daquele que um dia esteve entre nós. À luz de todas as evidências históricas, acreditamos que o mais lógico e coerente é crer em Cristo exatamente como a Bíblia o descreve: Senhor meu e Deus meu (Jo.20:28).

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

(Trecho extraído do meu livro: "As Provas da Existência de Deus")


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[1] Essa entrevista pode ser vista em meu site “Apologia Cristã”, no link: <http://apologiacrista.com/index.php?pagina=1078461763>.
[2] ibid.
[3] Raymond E. Brown, The Birth of the Messiah, Anchor Bible (1999), p. 523.
[4] Revista Defesa da Fé, Nº 41.
[5] Roland de Vaux, The Bible and the Ancient Near East, Doubleday (1971), p. 236.
[6] Benjamin Walker, The Hindu World: an Encyclopedic Survey of Hinduism, v. 1 (New York: Praeger, 1983), p. 240, 241.
[7] Tryggve N. D. Mettinger, The Riddle of Resurrection: “Dying and Rising Gods” in the Ancient Near East (Stockholm, Sweden: Almquist & Wiksell International, 2001), p. 4, 7.
[8] Nash, p.144.
[9] Eu abordo mais sobre isso em meu livro sobre o tema: “A Lenda da Imortalidade da Alma”.
[10] ibid.

6 comentários:

  1. Parabéns! Você é bom! Pena que seja tão anticatólico...

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    1. Pura Verdade Eugênio, devemos combater ao ateísmo ao invés de perder tempo debatendo cristãos contra cristãos..

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    2. Um artigo Bom também para ser lido, tem refutações ao filme Zeitgeist em forma de vídeos é esse aqui> http://ocatequista.com.br/archives/5868

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  2. Lucas, saudações, o que responder quando um ateu fala - Bhagavad Gita (200 a.C) são escrituras bem documentadas que mostra com houve sim plágio do mito Jesus. É claro que muitos detalhes são diferentes, mas a essência é a mesma entre os deuses solares.

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    1. O ônus da prova é dele, em mostrar as similaridades entre um e outro e provar que é um plágio.

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  3. Ótimo artigo! Favoritado para futuras consultas.

    Deus continue te abençoando.

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